A Voz de uma Mulher | 3° Capítulo - A única saída

3° Capítulo – A única saída

(CENA 1 – Noite / Mansão Romano – Sala de Estar | Térreo)

   Gustavo beija suavemente a mão de Raquel.

GUSTAVO – Me chamo Gustavo Romano, e você? – Débora encara Raquel com um olhar invejoso.

DÉBORA – Bom, irmã. Acho que já temos que voltar para casa, se não a mamãe nunca irá nos perdoar.

RAQUEL – Tem razão, obrigada por tudo Gustavo! Cuide bem da Joana, por favor. – ela diz enquanto já fechava a porta de entrada da mansão

JOANA – Boa garota. – ela diz sorridente e com o cotovelo apoiado no braço do sofá de couro branco enquanto sustentava sua cabeça com a mão.

GUSTAVO – Oi? – ele pergunta confuso e com uma sobrancelha arqueada.

JOANA – Ela, a Raquel, ela é uma boa garota. – Gustavo solta um sorriso e sobe as escadas suavemente. – Eu percebi o jeito que você a olhava! – ela grita animada. Envergonhado, Gustavo acelera o passo e sobe mais rápido. Joana dá gargalhadas pela a vergonha. Joana fica pensativa depois de perceber a saída do filho.

(CENA 2 – Noite / Casa dos Hoffman – Sala de Estar)

   Débora e Raquel abrem a porta de casa enquanto falavam de diversos assuntos. Quando elas entram na sala, Cristina bate palmas.

CRISTINA – Parabéns! – ela grita sarcasticamente.

DÉBORA – O que é isso, mãe? – ela pergunta confusa enquanto fechava levemente a porta de ferro.

CRISTINA – Parabéns para as duas que chegaram tarde, provando mais uma vez que são duas irresponsáveis. – ela diz em um tom mais elevado. Raquel vai até a cozinha frustrada.

RAQUEL – Mãe. Eu e a Débora já temos mais de 18 anos, somos livres para ir onde quisermos. – ela diz impaciente enquanto abria a geladeira.

CRISTINA – Enquanto viverem sobre o mesmo teto que eu, terão que obedecer às minhas regras, nisso conta não chegar tarde e nem transar com ninguém aqui. – ela diz indignada. Raquel ia beber um gole do copo de água, mas se interrompe ao escutar a lorota de sua mãe.

RAQUEL – Eu nunca trouxe alguém para cá, vê se entende.  – ela diz indignada e em seguida bebe um pouco da água.

CRISTINA – E aquilo que a sua irmã me contou? – Débora aponta confusa para si mesma.

RAQUEL – Era mentira, mãe! Fala a verdade de uma vez para ela, Débora! – Raquel olha para Débora à procura de respostas.

CRISTINA – Isso é verdade, Débora? – ela pergunta desacreditada e com as duas sobrancelhas arqueadas.

DÉBORA – Sim, mamãe. Eu menti para você... – ela diz “envergonhada”.

CRISTINA – Mas por quê querida? – ela muda a feição de raiva para uma feição carinhosa.

DÉBORA – Eu não queria que você ficasse com raiva de mim por causa daquele homem que eu trouxe.  – ela diz fazendo um biquinho de pato. Raquel a encara confusa.

CRISTINA – Céus, Débora. Não precisava ter feito essa confusão toda só por causa daquilo. Você quase comprometeu a sua irmã. – Débora fica olhando para baixo envergonhada.

RAQUEL – Bem, como tudo já foi resolvido eu irei para o meu quarto. Até mais, família. – ela dá um sinal de tchauzinho com a mão e vai para o quarto.

CRISTINA – Diz a verdade, Débora. – Débora fica confusa. – Não foi esse o motivo de você fazer isso com sua irmã, né?

DÉBORA – Claro que foi, mãe. Qual seria o outro motivo? – ela pergunta cinicamente.

CRISTINA – A inveja, talvez. – ela levanta as duas sobrancelhas.

DÉBORA – Dá um tempo, né mãe? – ela fica falsamente indignada e vai até o seu quarto. Cristina à encara até o seu quarto com um olhar suspeito.

   

Aparecem cenas de Raquel e Gustavo em vários locais como em parques ou lagos, se divertindo e sorrindo de tudo que contavam. Surge uma cena de Joana vendo Cíntia entrando no escritório de Oscar na rádio, ele agarrando-a e em seguida fechando a porta rapidamente enquanto estava prestes a beijá-la. Joana olha para o piso de mármore tristemente.

(CENA 3 – Manhã / Mansão Romano – Sala de Jantar)

DIAS DEPOIS...

  Oscar entra na sala para tomar o café da manhã, Lurdes o entrega o jornal de hoje. Ao ler a notícia de que a Rádio Montenegro está ultrapassando a audiência da 94.7 FM ele explode de raiva.

OSCAR – Isso não é possível! – ele grita furiosamente e se levantando rapidamente da cadeira.

BERNARDA – Meu deus, o que houve meu irmão? – ela diz assustada ao entrar na sala apressadamente. – Dá para ouvir os gritos lá da sala.

OSCAR – Olha o que a rádio do maldito do Montenegro está fazendo! Já ultrapassou a gente e está na liderança. – ele diz ainda estressado e jogando o jornal na direção de Bernarda.

BERNARDA – Não desconte a sua raiva em mim. Eu não mereço isso. – ela fica um tempo em silêncio, em um clima de tensão. – Não sou culpada de você ser um péssimo administrador. – ela diz em tom de deboche. Oscar se levanta furiosamente e Bernarda arregala os olhos; ele vai na direção de Bernarda. Oscar a encara olho a olho, fazendo com que Bernarda ficasse assustada.

OSCAR – Saia da minha frente, imbecil. Você só me estressa mais! – ele grita e sai da sala encarando Bernarda.

LURDES – O senhor não comeu o seu café da manhã! – Lurdes grita para Oscar enquanto tentava sair detrás da bancada da cozinha.

OSCAR – Eu perdi a fome, Lurdes. – ele diz enquanto saia da sala e Bernarda o encarava indignada.

(CENA 4 – Manhã / Hotel Romano – Recepção | Térreo)

   Raquel vai ao hotel à procura de emprego. Finalmente chega a vez de ela ser atendida, mas ela é surpreendida por alguém.

GUSTAVO – Raquel? – ele pergunta calmamente enquanto deu um pequeno toque no seu ombro. Raquel se vira de costas e olhar dos dois se cruzam.

RAQUEL – Minha nossa, o que está fazendo aqui? – ela pergunta alegre enquanto soltava um sorriso charmoso.

GUSTAVO – Esse hotel é da minha família, ora. Sou o vice-presidente daqui, somente não estou acima da Cíntia González. – Raquel pisca os dois olhos e muda a sua feição.

JOANA – Eu me recuso a acreditar que você me traiu com a Cíntia! – ela grita para Oscar enquanto socava seu peito.

RAQUEL – Cíntia González é a presidente daqui? – ela pergunta indignada.

GUSTAVO – Sim... – ele diz entranhando e com uma sobrancelha arqueada. – Mas por que a pergunta? – ele pergunta confuso.

RAQUEL – Eu não gosto dessa mulher, Gustavo. Ela não parece ser uma boa pessoa, para mim.

GUSTAVO – Mas de onde a conhece, Raquel? – ele pergunta confuso. Raquel fica estática, pois não queria dizer ao filho de Joana que seu pai traia a sua mãe com a chefe dele.

(CENA 5 – Manhã / Mansão Romano – Quarto de Joana | 1° Andar)

   Joana estava sentada em posição fetal na cama, ela estava encostada na parede. Joana está totalmente calada, se levanta rapidamente e abre o seu guarda-roupa. Joana começa a arrumar uma pequena mala, ela parece estar desesperada. Joana sai do quarto e olha a mansão como se fosse a última vez que ela estivesse por lá, ela então finalmente sai de dentro daquela prisão e sai à procura de uma nova vida. Joana até queria ir com o seu filho, mas ela sabe que nem Miguel é nem Gustavo a deixariam sair daquele inferno.

(CENA 6 – Manhã / Hotel Romano – Recepção)

RAQUEL – Eu conheço a Cíntia por causa da sua mãe. – ela diz nervosa.

GUSTAVO – Como assim? Qual a ligação da minha mãe com Cíntia? – ele pergunta confuso.

RAQUEL – Sua mãe a citou enquanto conversava comigo, ela disse que a Cíntia não aparentava ser alguém de confiança. Então a opinião dela se tornou a minha, entende?

GUSTAVO – Ah! Certo. Claro que entendo! – ele fica se mexendo a todo momento como se estivesse inquieto por causa do silêncio. Raquel quebra o silêncio.

RAQUEL – Vou ir falar com a recepcionista para a entrevista de emprego. Com licença, senhor Romano. – ela se prepara para ir até a recepcionista, mas Gustavo a impede segurando levemente o braço dela. Raquel olha para a mão de Gustavo e vai subindo até chegar em seu rosto, do nada eles soltam um sorriso sem jeito.

GUSTAVO – Não precisa ir falar com a recepcionista, podemos ir no meu escritório para tratarmos melhor sobre esse assunto. – ele sorri e Raquel sorri de volta.

RAQUEL – Pois bem, já que eu realmente estou com pressa por que eu iria negar? Vamos! – Gustavo dá espaço no seu braço para Raquel cruzar o seu braço com o dele, mas ela rejeita. Eles vão até o escritório de Gustavo.

(CENA 7 – Noite / Mansão Romano – Sala de Estar)

   Oscar chega em casa e retira o seu jaleco e sua gravata e os coloca no cabide. Ele desabotoa dois botões da camisa social que ele estava enquanto olhava confuso por uma pequena brecha da entrada na cozinha.

OSCAR – Lurdes? Você está aí? – ele pergunta. – Lurdes?! – ele pergunta um pouco mais alto. Impaciente, ele tira as mãos dos botões e entra na cozinha. – Tem alguém nesta casa? – ele pergunta ainda mais impaciente.

LURDES – Senhor Oscar! – ela grita desesperada enquanto ia até a cozinha.

OSCAR – Olha quem finalmente apareceu... – ele diz em tom de brincadeira.

LURDES – O senhor não imagina o que ocorreu.

OSCAR – Não quero ouvir mais nenhuma desculpa. É o cumulo!

LURDES – Não é isso! – ela adverte e Oscar fica confuso.

OSCAR – Então é o quê, caramba?! – ele pergunta impaciente e ansioso.

LURDES – Eu não encontro a Senhora Joana em lugar algum. – Oscar muda a sua feição e levanta uma sobrancelha. – Eu estou a procurando desde manhã e não a encontro.

OSCAR – A Joana sumiu? – ele pergunta baixo e confuso a si mesmo. - E por que não me ligou, imbecil?! – ele diz estressado.

LURDES – Eu até tentei, mas o senhor não atendeu. Não me demite, por favor. – ela diz juntando a palma das duas mãos.

OSCAR – Vou deixar no silencioso para nada e nem ninguém atrapalhar a nossa diversão. – ele guarda o celular e beija o pescoço de Cíntia, que começa a rir.

OSCAR – Pois então temos que achar algum modo de encontrá-la, ou melhor, eu acho. Já você, continue trabalhando como sempre e nem pensar em dizer ao Gustavo ou o Miguel. Não quero que eles se preocupem com bobagens. – Lurdes concorda com a cabeça e Oscar sai à procura de Joana.

LURDES – Que Deus proteja a Senhora Joana. – ela diz a si mesma enquanto fazia o sinal da cruz.

   (A câmera foca em Lurdes, a tela congela em um tom amarelado.)