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Força de Um Sonho - Capítulo 01



Cena 1/  Casa de Augusto e Leonor/ Sala/ Interior/ Noite

Leonor, Janaína e Wesley estão sentados à mesa e colocam as travessas com o jantar na mesa. Mesmo com pouco dinheiro, tinham uma vida que os agradava bastante. Sentindo falta do marido, Leonor decide procurá-lo. 

Leonor - Sabem onde está o Augusto?

Janaina ( arrumando a mesa ) - Eu não sei, última vez que vi ele foi pela manhã e ele sumiu.

Leonor ( preocupada )- Que estranho... Vou procurar aqui pela rua...

Leonor deixa os filhos terminando de arrumar a mesa e vai procurar o marido. Enquanto isso, Janaina e Wesley comentam sobre seus planos futuros. 

Janaína - Sabe... Estou adorando  cursar Direito. Acho uma área bem forte, e no ambiente onde vivemos, precisamos ter muito estudo e sabedoria...

Wesley ( arrumando os pratos ) - Eu também tô pensando em uma faculdade, só não sei qual cursar. Tenho pensado bastante e feito alguns testes  vocacionais.

Janaina ( apoiando o irmão ) - Que bom mano, acho que cê tá certo também. Teste Vocacional é muito importante e ajuda também. Mas a minha certeza é que quero ser advogada.

Algum tempo depois... 

Leonor havia voltado sem encontrar Augusto. 

Janaina ( já almoçando ) - Oi mãe, encontrou o papai?
Leonor ( preocupada ) - Não encontrei ele em lugar nenhum, andei pelas ruas, perguntei até mesmo em algumas lojas. Tomara que não seja nada sério.
Wesley ( tentando ajudar ) - Acho que não, talvez o papai esteja em um trabalho ou coisa do tipo.
Leonor - Que ele volte logo para casa... ( esperançosa )




Cena 2/ Rocinha / Manhã 


Augusto dá uma volta pela comunidade e vai até a boca de fumo onde está Jadson. O lugar está rodeado de capangas e uma fumaça branca exalava pelo lugar. 

Augusto ( abordando Jadson ) - Me desculpe, Jadson, eu posso falar com  você?

Jadson ( soprando a fumaça do baseado ) - Pode falar o que é.

Augusto - É que eu ainda não consegui o dinheiro que estou devendo. A crise está grande e os trabalhos estão escassos. Parece que quase ninguém quer fazer obras. ?

Jadson ( encarando - o ) - Ainda não tem a grana? Voce pensa que eu nado em dinheiro? Eu te dei essa grana para que você me pagasse. E é isso que tu tem que fazer, se não quiser acordar na vala como muitas outras pessoas. Fora as que sumiram.

Augusto ( com medo ) - Pode deixar que eu irei pagar, tenho pago todas as parcelas corretamente , e se não paguei mais, é porque estou com dificuldades para te pagar.

Jadson ( pegando um revolver ) - Dificuldades, Dificuldades, só ouço isso. ( ameaçando - o ) . Faça o que eu digo que não terá pobremas. Faça isso, 24 horas para me dar a grana e continuar vivo. Caso contrário, diga adeus à sua vidinha medíocre.

Em seguida, Jadson poe o revolver na cabeça de Augusto. 
Augusto ( com medo ) - Sim. senhor... Isso não voltará a acontecer. Estou indo...

Augusto vai embora assustado. 


Cena  3- Ipanema / Mansão Leal / Quarto de Carla/ Manhã /

Paula ( beijando  André )  - Você é tão gato... Nossa... Me sinto tão encantada por você.

André ( beijando Paula ) - Você também é muy linda, minha loirinha, meu amor...

Paula - A melhor coisa a se fazer durante as férias é curtir esse belo bairro que é Ipanema , cheio de gente rica e que me conquista bastante.Eu amo a Zona Sul.

André - Eu estou trabalhando num escritório, você já sabe. Quando terminar as férias eu pretendo retornar ao trabalho. ( sorrindo ) Quero ganhar meu próprio dinheiro. Pena que meu irmão Gael é diferente, não trabalha nem estuda.

Paula - Eu me formei em Direito , ( unindo as mãos ) . Graças a Deus. E ainda não consegui a carteira da OAB. Aquela prova é muito difícil ...

André - Se você quiser eu posso te ajudar. Mesmo que eu me formei em Administração, eu posso revisar alguns conteúdos e ler alguns artigos com você, -malicioso- é bom que a gente passa mais tempo juntos. E se tem uma coisa que adoro é um bom artigo.  Seria muito legal ver você trabalhando como Advogada, ou Advogata .( sorrindo )

Paula - Eu prefiro trabalhar por enquanto como estou. E mais para frente tentar novamente.  ( mudando de assunto ). Estou com uma fome...

André ( lembrando )- Podemos pedir algo.

Paula ( sorrindo ) – E eu preciso pedir um beijo seu, gato?
Eles sorriem e se beijam.



Cena 4/ Rocinha / Manhã 

Wesley ( preocupado ) - Gente... Será que aconteceu algo com o papai? Ele nunca demorou tanto assim... ( T ) . Até parece que foi em outro estado.

Janaína - Ai, tem vezes que tenho medo. Morando aqui, tiroteio dia sim dia não... Cada vez que alguém demora eu me preocupo, penso que aconteceu algo. Por isso sempre ligo para dizer onde estou.

Leonor ( apoiando Janaína  ) - E não é só aqui, o país está violento. ( T ) O Augusto é negro, pobre, pode ser vítima de preconceito.

Augusto chega assustado 

Leonor ( recebendo o marido ) - Até que enfim você chegou. Onde estava?

Augusto ( disfarçando ) - Eu estava trabalhando aqui mesmo... É... É isso...

Wesley - Trabalhando esse tempo todo aqui? Tá certo que a Rocinha é grande, mas não dá para sumir sem deixar rastros.

Augusto ( criando uma história ) - Eu encontrei... Eu encontrei um amigo e acabei indo em outro lugar , só isso...

Leonor ( pressionando o marido ) - Um amigo... Só isso?

Augusto ( saindo da sala ) - Ai , vocês pressionam muito...

Janaína - Ih... O que deu nele?

Leonor - Eu, hein? Chegou muito estranho.

Augusto ( pensando ) - Eu não posso contar que estou quase  jurado de morte...

Cena 5/ Casa de Mara / Quarto de Leandro / Tarde /
Leandro é um jovem de 21 anos que adora dançar e ouvir música. Ele escuta Corpo sensual , de Pablo Vittar em alto volume.
Leandro ( seguindo o ritmo ) - Que babado! Ícone de música! Uhuuuu!
Mara, incomodada com a música, vai até o quarto.
Mara ( entrando no quarto ) - Leandro, será que dá para parar com essa cantoria?
Leandro ( com fones de ouvido ) - Vai passar mal, ter a sua mente no meu corpo sensual...
Mara desliga o som.
Leandro ( sem entender ) - Qual é mãe? Eu tava ouvindo a música...
Mara ( incomodada ) - E você chama isso de música? É uma cantoria desafinada! Não sei como você gosta de escutar isso.
Leandro - Mas eu gosto mãe... Eu acho uma ótima música.
Mara - Então se quer ouvir, ouça quieto, em silêncio!
Leandro ( incomodado ) - Tá certo mãe...
Mara deixa o quarto.
Leandro ( em pensamento ) - Quadrada .

Cena 6/ Ipanema / Casa de André / Tarde 

Gael , irmão de André , como não trabalha e nem estuda , vive curtindo pelas ruas da Zona Sul, e traz inúmeras dores de cabeça para os pais. Ele chega com o carro amassado. 

Marcelo ( observando a lanterna quebrada ) - Gael, eu posso saber o que você fez no carro e por que está amassado?

Gael ( sarcástico ) - Foi mal, pai. Eu acabei batendo numa lixeira, mas não foi nada demais.

Marcelo - Não foi nada demais? Eu preciso desse carro para trabalhar. ( repreendendo - o ) . Caso você não saiba , eu trabalho todo dia na faculdade, enquanto você vive à toa. Eu sempre vou de carro, e agora está com a lanterna quebrada e com um amassado. Vou ter que levar no mecânico. Mas você Gael, você irá pagar, pensa que a gente nada em dinheiro.

Gael  - Mas pai, somos rico, temos dinheiro.

Marcelo ( discordando ) – Não, eu e sua mãe temos dinheiro. Trabalhamos e nos esforçamos para conseguir tudo, assim como seu irmão, que agora está formado e trabalha. Você não tem dinheiro próprio, só terminou o Ensino Médio com dificuldade porque não queria estudar, e tu sabe.

Gael ( irritado ) - Ai pai, chega de sermão! Já deu!

Marcelo ( reprrendendo - o ) – Quem você pensa que é pra falar assim comigo? Enquanto você agir como um moleque é isso que irá ouvir!

Gael assovia, ignorando seu pai, e vai para o quarto.

Cena 7/ Shopping / Praça de Alimentação /  Tarde 

Paula está com suas amigas, Catarina e Daniela na praça de alimentação de um shopping e conversam sobre vários assuntos .

Paula ( observando algumas sacolas ) – Eu tento economizar, -sorrindo- mas não consigo.

Catarina - Verdade amiga, fazer compras é uma perdição para a gente... Mas pelo menos temos um momento de distração entre garotas , e é o que precisamos.

Daniela - Ainda mais com nossa vida agitada , horas no salão, manicure, esteticista ... Mais o trabalho... Temos que nos cuidar também em relação ao visual. Ainda mais nós que somos bonitas.

Paula - Infelizmente não passei na prova da OAB, mas estou planejando trabalhar em alguma coisa. Ou talvez não. A pensão que a minha mãe me dá, até que dá para suprir perfeitamente minhas necessidades.

Daniela ( lembrando ) - Falando em prova, preciso começar a estudar para o ENEM, dessa vez eu tenho que passar para a pública.

Catarina - Por que não paga faculdade? Tem ótimas privadas, como a PUC.

Daniela - É que eu pretendo economizar nos gastos , e vou ter a oportunidade de aprender mesmo assim...

Paula ( em pensamento ) - Eita... Pobre.

Catarina ( rindo ) - O dia que quiser vou escolher a melhor.
No momento em que elas conversavam, aparece uma faxineira negra para retirar os pratos.  

Faxineira ( sendo educada ) - Por favor, eu posso levar os pratos?

Daniela - Ah, pode sim.

Paula ( com desdém ) - Leva. ( em pensamento ). Até aqui tem favelada...

A mulher percebe e fica desconcertada, enquanto Paula olha para ela, com asco. 

Paula (pensando)- Nojo de gente preta...

Daniela e Catarina ficam sem entender a reação de Paula.

Catarina- Querida, tudo bem com você?

Paula reage e sorri.
Paula (disfarça)- Tá sim, tô ótima.
Elas conversam, sorridentes.

Cena 8/ Anoitece/ Subúrbio / Casa de Ivana / 

Ivana e Katia vivem no subúrbio do Rio de Janeiro, e passam dificuldades financeiras. Katia chega com várias bolsas.

Ivana ( intrigada ) -Katia! Que bolsas são essas?

Katia - Ah, mãe, eu estive dando uma volta e comprei muita coisa em oferta... Blusas, tops, óculos... Tudo bem barato.

Ivana - Filha, desde que seu pai morreu, não podemos ter muitos gastos, senão o dinheiro vai acabar e vamos morrer de fome.

Katia ( discordando ) - Mas não são muitos gastos. E eu comprei com o cartão, já saiu automaticamente.

Ivana - Estamos com dificuldades financeiras nesse momento... A única maneira é conseguirmos de uma forma ou de outra. Nem que a gente conheça alguém que nos dê dinheiro. Ou peça para algum parente.

Katia - Mãe, pode ficar tranquila que não ficaremos pobres. Tá tudo sob controle.

Ivana ( refletindo ) - Ai filha... Temos que pensar muito ... ( mudando de ideia ) . Mas gastar dinheiro também é tão bom...

Katia - Isso que disse... Quer ver o que comprei?

Ivana - Quero sim filha.



Cena 9/ Ipanema/ Bar / Noite/
Gael está em um bar de Ipanema com Douglas, os dois jogam conversa fora.
Gael ( com uma lata de cerveja em mãos ) - Nada melhor do que tomarmos uma cerva à noite.

Douglas – Verdade, mano, cerva é o que tem de melhor, principalmente assim à noite... Sem ter nada para fazer. ( Mudando de assunto ) . E o carro do seu pai, como está?

Gael ( terminando o copo ) - Ai, deu o maior fuzuê... Olha só, o pai tem o salário dele, e quer me fazer pagar o estrago que eu  fiz. E nem foi tão complicado...

Douglas- Ai Gael... Os pais são sempre complicados... Querem obrigar que a gente faça o que eles querem. Por isso eu nem dou mais bola para o que eles dizem.

Gael ( apoiando o amigo ) - Acho que cê tá certo. Já sou maior de idade, mas me tratam como criança. Eu queria poder fazer o que eu quero, mas em tudo decidem me recriminar. Dá vontade de sair de casa, pena que não tenho dinheiro, só cartão de credito.

Douglas - Arrume um emprego ou faça o que eu faço. Tudo sairá perfeitamente e ninguém irá saber?

Gael ( sem entender ) - Como fazer o que você faz?

Douglas - Sabe que sou mão leve...

Gael - Cara, se roubar posso ser preso!

Douglas  - Não quero complicar você. ( abrindo uma latinha ).

Enquanto isso vamos curtir a vida e beber mais.
Gael ( sorrindo ) - Tá certo.
Eles continuam bebendo.

Cena 10 Amanhece/ Casa de Augusto e Leonor / Cozinha/ Interior/ 
Era outro dia, e Augusto estava reunido com Leonor para tomar café. Ele se mostrava bem preocupado. 
Leonor ( observando o comportamento do marido ) - Augusto, você vai teimar mesmo e não vai me dizer nada?.

Augusto ( irritado ) – Dizer o que, Leonor? Já disse que não aconteceu nada, pelo amor de Deus!

Leonor – É por que ficamos bem apertado esse mês?

Augusto fica em silêncio.

Leonor ( farta ) – Chega, já chega...

A mulher se levanta da cadeira e sai do cômodo.

Augusto ( Suspira forte ) – O que eu vou fazer?

Close em Augusto tenso. Ele sai da cozinha.

Cena 11/Rocinha / Manhã/ 
Augusto está com o telefone na orelha esperando alguém atender. Ele vai até um canto bem reservado e fica apreensivo quando a pessoa atende a ligação. 
Augusto- Jairo? ... Cara eu tô precisando da sua ajuda... Eu preciso que você me faça um favor enorme mesmo... Lembra que você disse que iria me ajudar?... Pois então, agora é a hora.

Close em Augusto olhando para os lados e não vê Jadson atrás de uma parede com uma parte caída, ouvindo a conversa dele. 
Augusto- Eu tô devendo um traficante... Eu disse que arrumaria o dinheiro hoje, mas não tenho nem a metade.

Jadson vai saindo detrás da parede e aponta a arma na cabeça de Augusto que está de costas. A câmera fica lenta, e o homem fica perplexo, a ponto de deixar seu celular cair no chão. 

Jadson ( voz ecoada )- Safado! –Maquiavélico- Mentiu pra mim, agora vai morrer..

Ouve-se o barulho de um tiro, e vê-se a bala saindo pela testa de Augusto. Seus olhos arregalam, e lentamente o seu corpo cai no chão. Close no sangue escorrendo e no corpo de Augusto estirado. 

GANCHO.

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