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AMOR DE VERÃO - Capítulo 02

 



CENA 01: COBERTURA DE HELENA. SUÍTE PRINCIPAL. INTERIOR. NOITE

Continuação imediata do capítulo anterior. Ana segue com a carta em mãos encarando Helena seriamente.


ANA – Você vai me explicar ou continuar se fazendo de desentendida?

HELENA – Olha o tom.

ANA – A senhora quer realmente se separar do meu pai?

HELENA – Eu não estou satisfeita com esse casamento, Ana. Nunca estive.

ANA – Como assim nunca esteve? O meu pai sempre foi um ótimo homem, sempre te tratou como rainha. Te deu amor.

HELENA – Só amor não basta.

ANA – (indignada) Não basta?!

HELENA – Não basta quando a outra pessoa não corresponde.

ANA – O que quer dizer com isso?

HELENA – (bruta) Eu nunca amei verdadeiramente o seu pai. Não da maneira que deveria. Pronto. Era isso que você queria ouvir?!

ANA – Então você tá assumindo que você enganou ele a vida inteira??? Que a sua vida, não só a sua, as NOSSAS vidas foram um compilado de farsas?!

HELENA – Ana, sinceramente, eu não quero ter esse tipo de discussão agora…

ANA – Você tem outro. É isso?

HELENA – O quê?! Eu jamais trairia seu pai.

ANA – Você pode não ter outro, mas, no mínimo, você ama outro.

HELENA – (perdendo a paciência) Ana, por favor.

ANA – (com raiva) Por favor, digo eu! Essa carta aqui é a prova, dona Helena! Quem é o homem que você ama?


Helena respira fundo para não perder o controle na discussão. 


HELENA – Eu amei muito um homem no passado, Ana. Mas ele ficou no passado de mais de vinte anos atrás. Quase trinta. Só que eu nunca fui capaz de esquecê-lo.


Ana fica sem reação diante da sinceridade da mãe. Helena vai até o armário e encontra o álbum de fotos.


HELENA – Achei. Vamos? Seu pai está nos esperando lá embaixo.


De cabeça baixa, Helena retira-se do quarto. Ana respira fundo e, na sequência, também deixa a cena.


CENA 02: MANSÃO DE PAULA. SUÍTE. INTERIOR. NOITE

Fernando está deitado na cama mexendo em seu celular, enrolado em um roupão. Paula sai do banheiro apenas de lingerie e começa a sensualidade na frente dele, mas o homem não dá atenção, está concentrado na tela. Paula perde a paciência e dá um tapa na mão dele, derrubando o celular.


FERNANDO – Você enlouqueceu???

PAULA – Uma mulher gostosa dessas na sua frente e você não tira os olhos desse celular?! O que vê aí?

FERNANDO – Eu estava terminando de analisar o contrato de casamento entre Ilana e eu.

PAULA – (interessada) É?! E aí?

FERNANDO – E aí, meu amor, que seus dias como amante estão contados/


Paula desfere um tapa na cara dele.


PAULA – Amante não! Me respeita.

FERNANDO – Quê isso?!

PAULA – Você me ofendeu.

FERNANDO – Se não é amante, é o quê?

PAULA – Sou sua segunda mulher. Mas passarei a ser primeira-dama! Entendeu?

FERNANDO – Se você diz…

PAULA – Agora, vem cá, vem. Que eu tô cheia, louca de tesão!


Paula desamarra o roupão dele e começa a beijar o peitoral do homem, descendo até a região de baixo.


CENA 03: COBERTURA DE HELENA. SALA. INTERIOR. NOITE


TRILHA SONORA: Instrumental (até o final desta cena)


Ana, Helena e Vicente olham o álbum de 15 anos de Ana, relembrando os velhos tempos. Vicente é o mais empolgado na leitura, seus olhos enchem de lágrimas ao ver a filha adolescente. O clima entre Ana e Helena é de estranhamento.


CENA 04: QUARTO DE HOTEL. INTERIOR. NOITE

André está deitado na cama usando o celular. Daniel guarda uma peça de roupa na gaveta e fecha a mala.


DANIEL – (Resmungando) Em vez de me ajudar, você fica só nesse celular. É inacreditável.

ANDRÉ – Ah, pai, eu estava aqui, fazendo algumas perguntas para uma inteligência artificial. Os caminhos que a tecnologia seguiu são incríveis. 

DANIEL – Isso aí deve puxar tantos dados seus. Você leu os termos e condições? Tome cuidado, viu. 

ANDRÉ – Pai, deixa isso pra lá. Eu estava realmente pensando se foi uma boa ideia vir atrás dessa mulher. 

DANIEL – Filho, você realmente acha que eu teria vindo até aqui se não estivesse confiante nas minhas decisões? Nós vamos atrás dela, sim, e ponto final. Aliás, é melhor você voltar a conversar com esse robô aí antes que comece uma briga no mundo real. 

ANDRÉ – Tudo bem, pai. Eu sei que é impossível mudar sua opinião.

DANIEL – Agora eu vou dormir, se quiser ficar no celular que fique. Só não faça barulho.

ANDRÉ – Boa noite pro senhor também, pai.


CENA 05: RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. DIA


TRILHA SONORA: Chega de saudade - Tom Jobim (até o final desta cena)


Amanhece na cidade maravilhosa. CAM transita entre o pão de açúcar, cristo redentor e a movimentada Praia do Leblon, dando espaço a mais um dia na sociedade carioca.


CENA 06: APARTAMENTO DE ILANA. SALA DE JANTAR. INTERIOR. DIA

A empregada termina de servir à mesa de café da manhã e se aproxima da cadeira de Ilana.


EMPREGADA – Vai querer café expresso, dona Ilana?

ILANA – Não, não. Me faz um suco de laranja, por favor. Tô ameaçando gritar e quero me prevenir.

EMPREGADA – Certo.


Na sequência, a funcionária se retira. Ilana pega um pão na cesta, corta ao meio e começa a passar manteiga. Fernando chega na mesa e se acomoda.


ILANA – Bom dia, Fernando.

FERNANDO – Bom dia… Cadê o café, hein?

ILANA – Só tem expresso. A Zilda vai comprar o pó hoje.

FERNANDO – Hum.

ILANA – Por que é que você chegou tão tarde ontem?

FERNANDO – Eu não disse à você que iria para uma reunião do trabalho?!

ILANA – Que reunião é essa que termina altas horas da madrugada?

FERNANDO – Ilana, pelo amor de Deus, você vai questionar até o meu trabalho agora? Cada dia é uma queixa diferente sua, sinceramente…

ILANA – Só te fiz uma pergunta, não precisa de grosseria.

FERNANDO – Uma pergunta extremamente desnecessária, de quem não tem assunto.

ILANA – Você realmente não tem mais respeito nenhum por mim mesmo…

FERNANDO – Você que me faz perder a paciência! Agora, se você me permitir, eu quero tomar o meu café da manhã em paz.


Fernando bate na mesa e Ilana baixa a cabeça. Os dois seguem comendo em completo silêncio. 


CENA 07: COMPANHIA DE TEATRO. INTERIOR. DIA

No salão da companhia, Bárbara, Henrique e Marina estão ensaiando uma cena de uma peça.


BÁRBARA – Sir William, devo dizer que esta noite é uma das mais encantadoras que já vivi neste jardim.

HENRIQUE – É uma honra compartilhar esta noite com uma dama de tanta graciosidade como você. Os jardins são um lembrete constante de como a vida pode ser bela, mesmo em meio às adversidades.

MARINA – Cada flor, cada árvore, nos lembra que somos parte de algo maior. Somos… Ah… Desculpa. Minha mente deu um branco. Esqueci a minha parte.

HENRIQUE – (Irritado) Não é possível que toda vez que a gente for ensaiar sem roteiro você vai se perder né, Marina?

BÁRBARA – Henrique, por favor né, qualquer pessoa pode se perder, errar é humano.

HENRIQUE – Sim, mas eu quero ver ela errando no meio da apresentação.


André chega no local e fica olhando para os arredores, perdido.


BÁRBARA – Marina, SOS. Olha pro lado, que gato!

MARINA – O que será que ele veio fazer aqui?

HENRIQUE – Ser atendente de telemarketing que não foi né? Deve querer ser ator.

MARINA – Sim, mas eu nunca vi ele aqui nos arredores. Você já viu Bárbara?

BÁRBARA – Nunca vi, mas, vamos lá ajudar ele, deve estar perdido né.


As meninas caminham até ele, deixando Henrique sozinho.


BÁRBARA – Oi, prazer. Meu nome é Bárbara.


Bárbara aperta forte a mão de André.


ANDRÉ Prazer, meu nome é André. (Olha para Marina) Qual é seu nome? 

MARINA – Ah, prazer. Me chamo Marina.


Marina e André sorriem.


CENA 08: COMPANHIA DE TEATRO. ESCRITÓRIO DE VICENTE. INTERIOR. DIA

Vicente está com a mão estendida para Daniel, os dois se cumprimentam e sorriem.


VICENTE – Será um prazer ter você trabalhando conosco. Vi os vídeos das peças que produziu no interior, um trabalho lindo da sua parte. Tenho certeza que terá muito a acrescentar aqui na companhia.

DANIEL – Obrigado, senhor Vicente. 

VICENTE – Pode me chamar apenas de Vicente.

DANIEL – Certo, Vicente. É uma honra para mim, enquanto profissional, trabalhar nesta companhia. Representa muito para o meu amadurecimento enquanto professor de teatro.

VICENTE – Pode ter certeza que já irei lhe envolver na produção da nossa próxima peça.


Daniel fica feliz com a revelação de Vicente.


CORTE RÁPIDO:


CENA 09: COMPANHIA DE TEATRO. CORREDOR. INTERIOR. DIA

Rose caminha pelo corredor e passa em frente ao escritório de Vicente, preparando-se para entrar. Ela percebe que há mais alguém do lado de dentro. Ao olhar pela brecha da janela, seus olhos arregalaram ao ver Daniel. Entrando em desespero, a mulher sai correndo pelos corredores da companhia, indo até o exterior e saindo sem rumo.


CORTE:



CORTE:


CENA 10: PRAIA DO LEBLON. EXTERIOR. DIA


TRILHA SONORA: Se Essa Rua Fosse Minha - Ana Carolina (até o final desta cena)


Rose caminha pelo calçadão completamente desnorteada. A imagem de Daniel vem na sua mente e ela começa a chorar incessantemente, definitivamente não esperava ver o homem à sua frente. Cambaleando, ela senta em um banco próximo e coloca as mãos sobre a cabeça. 


CENA 11: CASA ROSADA. ESTUDIO FOTOGRÁFICO. INTERIOR. DIA

Jéssica e Caio entram no estúdio. Gabriela está de costas arrumando o material.


JÉSSICA – Bom dia, Gabriela. 

GABRIELA – Bom dia, Jéssica. Super pontual, não é? Eu gosto assim!


Gabriela se vira e percebe a presença de Caio.


GABRIELA – Oi, quem é você? Não lembro de ter marcado hora para nenhuma foto.


Caio ri baixo, com tom de deboche.


JÉSSICA – Ele é o meu namorado, Gabriela. Veio me acompanhar na sessão.


Gabriela demonstra não gostar da situação, ficando incomodada.


CENA 12: CASA ROSADA. RESTAURANTE. INTERIOR. DIA

Ana e Helena estão tomando café no restaurante da agência, ambas frente a frente. Elas tentam se manter em silêncio, mas Ana não aguenta mais o clima tenso.


ANA – Vamos quebrar esse gelo?

HELENA – Ai, finalmente, minha filha. Pensei que você não iria falar comigo. 

ANA – Estava pensando nas coisas que aconteceram ontem. 

HELENA – Isso de novo não, Aninha.

ANA – Como não, mãe? Não tem como ignorar. Pelo menos eu não consigo fingir que está tudo bem.

HELENA – Eu não quero brigar com você de novo.

ANA – Quem falou em brigar? Quero conversar com a senhora como duas adultas. Não tô aqui pra te julgar.

HELENA – Então vamos lá, Ana, o que é que você quer saber?

ANA – Quero saber quem foi o homem que você tanto amou. E ainda ama, pelo visto.

HELENA – A gente pode conversar sobre isso outra hora, em um lugar mais adequado? Aqui não é o lugar, nem o momento.

ANA – Promete que não vai me esconder nada?

HELENA – Prometo. Agora esquece isso só por agora.

ANA – Certo.


As duas dão um sorriso desajeitado e mudam de assunto.


CENA 13: CASA ROSADA. FACHADA. EXTERIOR. DIA

Caio e Jéssica estão esperando o táxi.


CAIO – Que atraso! Não tem jeito, não vou dar nem uma estrela no aplicativo. 

JÉSSICA – É,  deve estar com engarrafamento.

CAIO – Já que pelo visto vai demorar tanto, vou ver se tem sorvete na lanchonete. Vai querer? 

JÉSSICA – Não, obrigada.


Caio entra na agência e Gabriela se aproxima de Jéssica.


GABRIELA – Estava esperando uma oportunidade para vir falar com você. Por que seu namorado veio aqui para a sua sessão? 

JÉSSICA – (Gaguejando) Ah, ele só queria ver, ele me apoia muito em tudo isso, sabe? 

GABRIELA – Por que eu acho que você não está falando a verdade?


Caio reaparece.


CAIO – Acabou o sabor que eu gostava... 

JÉSSICA – Ah, amor, oi. A Gabriela veio me dizer que estou me saindo muito bem nos ensaios. 

GABRIELA – Sim, ela é ótima. 

CAIO – Ah, sim. Pelo visto, o táxi vai demorar muito, né? Vou cancelar, é melhor a gente ir de ônibus.


Caio pega Jessica pela mão e não dá muito espaço para uma despedida entre as duas. Gabriela fica aflita.


CENA 14: APARTAMENTO DE ILANA. SALA. INTERIOR. NOITE

Anoitece. Ilana está sentada no sofá da sala lendo um livro de poesias. Fernando passa pelo ambiente com sua maleta e ela nota.


ILANA – Pra onde você vai?

FERNANDO – Surgiu mais uma reunião de urgência, Ilana. Não posso faltar.

ILANA – Outra reunião?

FERNANDO – É. Agora não vem com "mimimi", tô sem tempo.


Fernando deixa o apartamento. No mesmo instante, Ilana retira seus óculos de leitura, levanta-se do sofá e vai correndo pegar as chaves de seu carro.


CENA 15: COBERTURA DE HELENA. QUARTO DE ANA. INTERIOR. NOITE

Ana está olhando alguns editoriais de moda, buscando inspirações e referências. Helena bate na porta do quarto dela, que está entreaberta, e vai entrando.


ANA – Oi, mãe. 

HELENA – Tá fazendo o quê?

ANA – Tô estudando alguns editoriais para levar novas ideias para a agência. 

HELENA – Que ótimo. 


Helena senta ao lado da filha na cama.


HELENA – Como você está, hein?

ANA – Tô bem.

HELENA – Certeza?

ANA – Por que não estaria?

HELENA – Esse é seu problema, Aninha: querer sempre ser forte. Tá tudo bem ser vulnerável. 

ANA – Do que você tá falando?

HELENA – De que você acabou de descobrir que a sua mãe não ama seu pai e segue fingindo normalidade. 

ANA – Dona Helena, qual é o objetivo dessa conversa? Eu não sou mais uma criança, mãe. Eu tenho a consciência de que o amor pode acabar, ou que talvez ele nunca tenha existido verdadeiramente. A única coisa que eu quero é que a senhora seja sincera com o meu pai, porque ele não merece continuar lutando por um amor que só existe da parte dele.

HELENA – Você tem razão. O problema é que não é fácil encerrar um casamento de mais de vinte anos. É preciso ter muito jogo de cintura.

ANA – É preciso coragem, dona Helena. Você não sempre me ensinou a ser corajosa? Tá na hora de colocar em prática o que prega. Eu só quero o melhor pra senhora e pro meu pai. Não acho justa toda essa situação. 

HELENA – Ouvir isso só me faz ter a certeza que eu te criei da melhor maneira, minha filha.


Ana dá um sorriso bobo para ela e abraça Helena. Algumas pequenas lágrimas escorrem pelo rosto das duas.


ANA – Bom, vamos mudar de assunto um pouco?! Lembra da Renee Ventura? Ela nos convidou para uma festa que vai ter amanhã. (com entonação debochada) Só a alta sociedade.

HELENA – (revirando os olhos) Não suporto!


As duas caem na risada.


ANA – Tô pensando em ir. Conhecer gente nova. 

HELENA – Vá, meu amor, pra você é ótimo. 

ANA – Ai, mas não queria ir sozinha, mãe. Vamos comigo?

HELENA – Ai, Aninha, já passei do tempo de ir pra festa…

ANA – Vamos, vai.

HELENA – Eu vou considerar. Mas não garanto nada, ok?!

ANA – Ok. 

HELENA – Agora eu vou dormir, tá bom? Já está tarde e amanhã tem agenda cheia na agência. 

ANA – Tá certo. Daqui a pouco eu vou também. 

HELENA – Beijo.

ANA – Beijo.


Helena beija a testa de Ana e retira-se do quarto, fechando a porta.


CENA 16: AVENIDA. EXTERIOR. NOITE


TRILHA SONORA: Instrumental (até o final desta cena)


Fernando dirige seu carro normalmente pela avenida, sem imaginar que um pouco atrás está Ilana, seguindo o automóvel do marido. Fernando passa por um sinal e, quando Ilana está prestes a passar, o semáforo passa para vermelho. Ilana bate no volante e respira fundo, tentando manter a calma. 


ILANA – Droga!


Um tempo depois, quando o sinal é reaberto, ela faz o retorno e resolve voltar para casa. A CAM vai transicionando e se curva para o céu, que deixa a escuridão da noite e dá espaço para o nascer do sol.


CENA 17: COMPANHIA DE TEATRO. ESCRITÓRIO DE VICENTE. INTERIOR. DIA

Vicente chega no escritório para mais um dia normal de trabalho. Ao entrar na sala, ele é surpreendido por Rose, que já estava lhe esperando.


VICENTE – Rose?! Já está aqui a essa hora?

ROSE – Optei por chegar mais cedo.

VICENTE – Tem algum motivo específico?

ROSE – Tem.

VICENTE – O quê?

ROSE – Eu quero me afastar da companhia, Vicente.

VICENTE – (sem acreditar) Como???


Vicente é pego de surpresa, recuando para trás. Close final em Rose, parecendo estar decidida.


CORTE:





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