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Caminhos - Capítulo 15

 



CAMINHOS

novela de MIGUEL VICTOR

direção geral RICARDO WADDINGTON

CAPÍTULO 15

CENA 01. CASA YEDDA. FRENTE. NOITE

Clara e Gabi estão paradas em frente à casa de Yedda, olhando para a porta fechada.

Gabi: Clara, acho que não tem ninguém em casa. Talvez o IP que o Edu rastreou seja o

errado.

Clara: É possível, Gabi. Mas eu estava tão certa de que JOE estava aqui.

Gabi coloca a mão suavemente no ombro de Clara, transmitindo apoio e compreensão.

Gabi: Clara, já estamos aqui há horas. Talvez seja hora de irmos embora e tentarmos outra

abordagem.

Clara olha para Gabi, relutante em deixar a busca por JOE, mas entendendo que talvez seja

a melhor decisão.

Clara: Tudo bem, Gabi. Vamos embora. Mas juro que não vou desistir de encontrá-lo.

Gabi sorri e oferece seu braço a Clara, em um gesto de apoio e amizade.

Gabi: Eu sei, Clara. Você é determinada e não vai descansar até descobrir a verdade sobre

JOE. Mas por enquanto, vamos para casa. Eu gostaria de passar a noite com você. Estou

um pouco preocupada com a reação da minha mãe ao me ver assim.

Clara olha para Gabi, vendo a vulnerabilidade em seus olhos. Ela aperta o braço de Gabi

em sinal de conforto.

Clara: Claro. Minha casa está aberta para você sempre que precisar. Vamos para lá e

conversaremos mais sobre tudo isso.

As duas começam a caminhar juntas pela rua, deixando para trás a casa de Yedda.

CORTE:

CENA 02. RESTAURANTE. NOITE

Milton e Glória estão sentados em uma mesa elegante, desfrutando de um jantar romântico.

Porém, Milton percebe que Glória parece distraída, com os olhos fixos em outra mesa do

restaurante, onde está Yedda.

Milton: Glória, você está bem? Notei que você tem olhado para aquela mesa várias vezes.

Aconteceu algo?

Glória desvia o olhar rapidamente, mas Milton percebe a tensão em seu rosto.

Glória: Desculpe, Milton. É só... Yedda está ali naquela mesa.

Milton tenta esconder sua frustração, mas é evidente que ele está desconfortável com a

situação.

Milton: Glória, nós terminamos. Precisamos seguir em frente. Deixe que ela esteja aqui, não

devemos nos importar com isso. Estamos aqui para aproveitar nosso encontro, não é?

Glória: Você está certo, Milton. Desculpe por deixar isso atrapalhar o nosso encontro. Eu

deveria estar focada em você e no que estamos construindo juntos.

Milton estende a mão, segurando a mão de Glória suavemente.

Milton: Está tudo bem, Glória. Apenas lembre-se de que o que importa é o que estamos

vivendo agora, juntos. Vamos deixar o passado para trás e nos concentrar no presente e no

futuro que podemos construir.


Glória sorri timidamente e aperta a mão de Milton, sentindo-se reconfortada pelas suas

palavras.

Glória: Você tem razão, Milton. Vamos aproveitar o momento, esquecer o que já passou e

olhar para o que ainda podemos conquistar juntos.

Disfarçadamente, Glória observa que Yedda se levantou e foi em direção ao banheiro.

Glória se levanta também.

Milton: Vai aonde?

Glória: Vou no banheiro, mas eu já volto, tá? Me espera aqui.

Milton: Espero sim.

Glória se direciona ao banheiro, atrás de Yedda.

CORTE:

CENA 03. QUARTO CLARA. NOITE

Clara está sentada na cama, vestindo seu pijama, enquanto Gabi está ao seu lado,

apoiando-se na cabeceira.

Clara: Gabi, eu não consigo parar de pensar no JOE. Eu sinto algo tão forte por ele, mas

não entendo por que ele me bloqueou. Será que fiz algo errado?

Gabi: Clara, às vezes as pessoas têm seus próprios motivos para tomar certas atitudes.

Talvez o JOE esteja passando por algo pessoal e decidiu se afastar. Não necessariamente

foi por causa de algo que você fez.

Clara olha para Gabi, com os olhos cheios de incerteza e tristeza.

Clara: Mas eu pensei que tivéssemos uma conexão real. Nossas conversas, nossos

encontros virtuais... Foi tão intenso. Será que ele estava apenas brincando comigo?

Gabi: Clara, você sequer conheceu o JOE a algumas semanas, teve uma videochamada

com ele, sequer o viu pessoalmente. Não tem como saber por qual motivo ele te bloqueou.

Clara: Verdade, mas...

Cassandra interrompe pela porta. Ela observa o corte de cabelo de Gabi e começa a

gargalhar.

Cassandra: (rindo) Olha só, Gabriela, agora você está parecendo um homem! Eu sempre

soube que você era uma sapatona por dentro.

Gabi fica visivelmente irritada e se levanta, pronta para confrontar Cassandra.

Gabi: Como você se atreve a dizer algo assim, Cassandra? Sua intolerância e preconceito

são inaceitáveis! Não, eu não sou sapatona, e isso é um termo pejorativo para falar de

mulheres lésbicas!

Clara interrompe a briga em potencial, colocando-se entre as duas.

Clara: Parem! Não vamos nos deixar levar por provocações. Cassandra, não é aceitável

falar desse jeito. Respeito é fundamental aqui. O mínimo de educação você deveria ter!

Cassandra olha para Clara, um tanto provocativa.

Cassandra: Ah, mas você não sabe de tudo, Clara. Deixe-me contar uma coisa para vocês

duas. Eu dormi com Juliano. E deve ter sido a melhor transa da vida dele, porque eu

realmente sinto tesão em homens. Não é igual a sua amiguinha... Coitado do Juliano, ficar

com uma sapatona como se fosse namorada dele!

O rosto de Gabi se contorce de raiva, enquanto Clara fica chocada com a revelação.

Clara: Cassandra, isso é inaceitável! Como você pode fazer isso com Gabi e ainda ter a

audácia de vir aqui e agir dessa forma?

Clara se levanta, determinada, e aponta para a porta.


Clara: Agora chega! Você está expulsa do meu quarto e não quero mais ver você por perto.

Não tolero esse tipo de comportamento.

Cassandra fica momentaneamente surpresa com a firmeza de Clara, mas então sai do

quarto, batendo a porta com força. Gabi, visivelmente abalada, cai na cama, e Clara vai até

ela, oferecendo apoio e consolo.

Clara: Gabi, eu sinto muito que você tenha passado por isso. Cassandra não merece seu

tempo nem sua energia. Você é uma pessoa incrível, e eu estou aqui para você, sempre. E

sobre o Juliano, eu tenho certeza que é mentira dela, ela falou só pra te provocar.

Gabi: Obrigada, Clara. Você é uma verdadeira amiga. Eu não sei o que seria de mim sem

você ao meu lado.

As duas se abraçam.

CORTE:

CENA 04. RESTAURANTE. BANHEIRO. NOITE

Yedda termina de retocar a maquiagem, quando Glória entra no banheiro discretamente.

Yedda vê no espelho Glória se aproximando.

Glória: Achou que ia sair ilesa de tudo o que me fez, Yedda?

Yedda: Eu não te fiz nada.

Glória: Fez sim! Destruiu a minha família. Por muito pouco eu não perdi meu marido pra

você. Mas não conseguiu segurar ele, né?

Yedda: Eu não quero segurar ninguém. Pega o Milton e leva ele pra sua casa, torna ele seu

marido, que eu não me importo!

Glória: Ah, se importa sim, eu tenho certeza que se importa. Diferente de você, Yedda, eu

não sou uma destruidora de lares. E pessoas como você... Sabe o que mereciam?

Yedda: Eu vou embora daqui porque eu não aguento mais...

Glória: Sabe o que pessoas como você merecem?

Glória dá um tapa em Yedda que cai no chão.

Glória: Vocês merecem o chão!

Glória se prepara pra sair quando Yedda se levanta e dá um tapa nela.

Yedda: Você não vai me bater! Eu já aguentei muito calada esse seu discursinho moralista e

a favor da família. Sabe o que eu quero que aconteça com você e o Milton? Que os dois se

fodam, que vão pro quinto dos infernos! Eu nunca mais quero olhar na cara de nenhum dos

dois!

Yedda sai do banheiro. Glória se levanta e vai em direção a pia, se limpar.

CORTE:

CENA 05. CASA YEDDA. SALA. NOITE

Yedda entra na sala e cai no sofá. Se sente mal, triste, destruída. Começa a chorar no sofá.

CORTE:

CENA 06. RUA. DIA

DIA SEGUINTE. Gabi está caminhando pela rua quando encontra Lúcia, sua mãe. Lúcia

olha surpresa para o novo corte de cabelo de Gabi, mas decide abordar o assunto com

cautela.

Lúcia: Gabi, seu cabelo... Por que cortou dessa forma? É um corte masculino, não é?


Gabi hesita por um momento, ponderando como responder à pergunta de sua mãe.

Gabi: (mentindo) Bem, mãe... Eu só queria mudar um pouco, experimentar algo novo.

Gostei desse corte, é uma expressão da minha personalidade.

Lúcia: Gabi, você não é lésbica, é? Quero dizer, com esse visual e tudo mais... Você sabe

que eu não aceitaria uma filha lésbica, certo?

Gabi fica visivelmente desconfortável com a pergunta direta de sua mãe, mas decide

responder com sinceridade.

Gabi: Não, mãe, eu não sou lésbica. Esse corte de cabelo não tem relação com a minha

orientação sexual. É apenas uma forma de me sentir mais eu mesma, mais livre.

Lúcia: Agradeço por isso, Gabi. Não quero que você pense que não te amo, mas algumas

coisas são difíceis de aceitar para uma mãe. Fico aliviada em saber que você não é lésbica.

Gabi olha para sua mãe com uma mistura de tristeza e compreensão, mas decide deixar

para lá a discussão naquele momento.

CORTE:

CENA 07. AUDITÓRIO. DIA

Caterine está no palco, diante de uma plateia atenta, durante sua palestra. Ela se prepara

para abordar um ponto importante e esclarecedor.

Caterine: Agora, vamos falar sobre um aspecto fundamental: a diferença entre sexualidade

e identidade de gênero. Muitas vezes, esses termos são confundidos ou usados de forma

intercambiável, mas é importante compreender que são conceitos distintos.

Caterine: A sexualidade está relacionada à atração emocional, afetiva e sexual que uma

pessoa sente por outra. Pode ser dividida em diversas orientações, como

heterossexualidade, homossexualidade, bissexualidade, pansexualidade, entre outras.

Ela projeta alguns slides no telão, mostrando exemplos de diferentes orientações sexuais.

Caterine: Já a identidade de gênero refere-se à forma como uma pessoa se identifica e se

sente em relação ao seu gênero. Não está necessariamente ligada à sua anatomia ou à sua

orientação sexual. Podemos ter pessoas que se identificam como homem, mulher, ambos,

nenhum dos dois, ou até mesmo que se sintam fluídas, ou seja, que podem variar entre

diferentes identidades de gênero.

Caterine ressalta a importância de respeitar e validar a identidade de gênero de cada

indivíduo.

Caterine: É fundamental entender que a identidade de gênero de alguém não define sua

orientação sexual, e vice-versa. Uma pessoa pode se identificar como mulher e se sentir

atraída por homens, mulheres, ou ambos. Da mesma forma, uma pessoa que se identifica

como não-binária pode ter qualquer orientação sexual.

A plateia acompanha atentamente as explicações de Caterine, demonstrando compreensão

e interesse no tema.

Caterine: O respeito à diversidade de identidades de gênero e orientações sexuais é

essencial para a construção de uma sociedade inclusiva e igualitária. Devemos estar

abertos ao diálogo, à escuta e ao aprendizado, a fim de criar um ambiente onde todos

possam se expressar livremente, sem julgamentos ou discriminações.

A plateia aplaude, reconhecendo a importância das palavras de Caterine e a relevância do

tema abordado.

CORTE:


CENA 08. CASA GLÓRIA. SALA. DIA

Glória está sentada no sofá, visivelmente abatida, enquanto Rebeca se aproxima dela,

preocupada com o estado da mãe.

Rebeca: Mãe, o que aconteceu? Você está bem?

Glória olha para Rebeca e suspira antes de responder, ainda abalada pelo ocorrido.

Glória: Eu tive uma discussão acalorada com Yedda durante o jantar com seu pai. As coisas

saíram do controle e acabamos nos agredindo fisicamente.

Rebeca: Calma, mãe. Eu sei que as coisas estão difíceis entre vocês, mas talvez seja

melhor se afastar de Yedda e focar em reconstruir sua relação com o papai.

Glória: Você tem razão, querida. Essa situação com Yedda está ficando cada vez mais

tóxica. Eu preciso deixar isso para trás e me concentrar em nós, na nossa família.

Rebeca: Eu estou aqui para apoiar você, mãe. Vamos superar tudo isso juntas e reconstruir

o que foi abalado. Acredito que o papai também queira isso.

Glória sorri, sentindo-se amparada pela filha, e abraça Rebeca com carinho.

Glória: Obrigada, meu amor. Eu sou grata por ter você ao meu lado. Vamos seguir em frente

e dar uma chance para a nossa família. Estou disposta a lutar por isso.

As duas permaneceram abraçadas.

CORTE:

CENA 09. CASA YEDDA. SALA. DIA

Yedda acorda com a campainha tocando.

Yedda: (sonolenta) Quem... Quem é uma hora dessas...

Yedda se levanta e vai andando até a porta.

CORTE:

CENA 10. CASA YEDDA. FRENTE. DIA

Yedda abre a porta e se depara com Clara em sua frente.

Yedda: Quem é você?

Clara: Oi, eu sou a... A Clara. Eu tô procurando por um JOE, ele mora aqui?

Yedda acaba se lembrando de Clara e a encara, baqueada.

Yedda: (surpresa) JO... JOE?

Clara: Sim, JOE. Eu sei que ele mora aqui, eu rastreei o IP dele nessa casa.

Em Yedda, nervosa.

CORTE:

FIM DO CAPÍTULO 15

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