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A Voz de uma Mulher | 9° Capítulo - O retorno à atualidade [SEGUNDA FASE]



CONFIRA A NOVA ABERTURA:

9° Capítulo – O retorno à atualidade

(CENA 1 – Manhã / Casa das Hoffman - Cozinha)

   DIAS ATUAIS...

   Raquel estava sentada em posição fetal no canto da cozinha enquanto chorava pela sua lembrança dolorosa. Clara estava no caminho para banheiro, mas ela fica parada ao escutar um barulho.

CLARA – Que barulho é esse? – ela pergunta a si mesma ao escutar um som que parecia com um choro enquanto andava até o banheiro. Curiosa, ela decide seguir o barulho do som e, ao chegar ela vê Raquel sentada no canto da cozinha. – Tia? O que houve? Por quê está chorando? – ela pergunta à Raquel enquanto se agachava lentamente.

RAQUEL – Não é nada, filha. – ela diz enquanto enxugava as lágrimas com os dedos da mão. – Só estava relembrando algumas coisas horríveis do passado, mas nada que tenha que se preocupar. – ela diz com a voz rouca. Clara fica sem reação, mas dava para perceber que parecia estar bem triste por ver Raquel chorar.

CLARA – A minha mãe tem alguma coisa a ver com isso, não? – ela pergunta desconfiada e levantando uma sobrancelha.

RAQUEL – Claro que não, eram só lembranças, querida. Pode voltar ao seu quarto. – ela diz com um pequeno sorriso no rosto. Clara solta um pequeno suspiro triste e vai em direção ao banheiro. Raquel observa ela ir até lá e espera-a fechar a porta. Raquel solta um breve suspiro e pega o smartphone que estava no bolso de trás da sua calça jeans, ela sai do cômodo com ele no ouvido e vai na direção da porta de entrada/saída da casa.

(CENA 2 – Manhã / Universidade Paulista – Entrada Principal)

   Os portões da universidade se abriam e todos os alunos entraram ansiosos para saber o que esse semestre preparava para eles. Dentre eles estava Rodrigo Symanski, um jovem sonhador e preparado para o seu futuro, porém o seu estilo alegre, “gay” e “afeminado” (segundo alguns) incomoda algumas pessoas que convivem lá, inclusive Ycaro Montenegro, que chama a relação dele e de Robert González de “namoro sem rolha”.

RODRIGO – Ai ai Robert. Mais um semestre se inicia nesse maldito lugar. – ele diz desanimado enquanto andava pelo o corredor com Robert.

ROBERT – Uou, vai com calma, Rodrigo. É só mais um semestre. – ele diz tentando-o acalmar.

RODRIGO – Um MALDITO semestre, não? Você não sabe o que eu sofro todo fucking dia em aturar o filho da puta do Ycaro. Ele mudou totalmente comigo desde que começou esse ano, ele se tornou uma pessoa insuportável. – ele diz com um tom de nojo.

ROBERT – Você acha que eu não sei? Você não fala em outra coisa além disso. – ele diz um pouco debochado.

RODRIGO – Cala a boca porque ele está vindo aí, o filhinho do produtor. – ele diz baixinho e dá um pequeno soco no ombro de Robert. Ycaro virava lentamente na curva do corredor, Rodrigo o olhava com desprezo, Ycaro vai na direção de Rodrigo e Robert.

YCARO – Eae viadinhos, como estão? – ele diz provocando-os. - Symanski! Bom dia. – ele diz surpreso como se não estivesse o percebido naquele local.

RODRIGO – Já vai começar o semestre assim? – ele pergunta impaciente, Ycaro solta uma gargalhada.

YCARO – Claro que irei, meu pai me deixa fazer o que eu quiser aqui e é bom você ficar esperto para não ser expulso, bichinha... – ele diz em tom de deboche e sai do raio de visão dos dois.

RODRIGO – Eu não o suporto, Robert! O desprezo do fundo da minha alma. – ele diz irritado e rangendo os dentes.

ROBERT – Você vai ter que aguentá-lo, estudam na mesma sala e no mesmo curso. – ele diz sinceramente.

RODRIGO – Infelizmente, não sei como ele teve a coragem de fazer “ciências políticas”, porque logo no meu curso aparecer um preconceituoso como ele? – ele pergunta enquanto olhava para cima e solta um pequeno suspiro. - Se pelo menos a Clara estivesse aqui para colocá-lo em seu lugar. – ele desabafa a si mesmo.

ROBERT – Você pode fazer isso, você não é fraco Rodrigo. O Ycaro que é um garoto mimado e insuportável. – Rodrigo solta um leve sorriso e abraça Robert amigavelmente. Rodrigo solta uma pequena “bufada” pelo o nariz, Robert fica pensativo e como se estivesse olhando para o além.

(CENA 3 – Manhã / Rádio da Mulher – Escritório da Presidente)

    Raquel abria a porta do seu escritório lentamente; ao abrir totalmente, Ivan a-recebe com um beijo curto em seus lábios.

RAQUEL – Ivan! – ela diz o-repreendendo enquanto sorria. Ivan beijava lentamente o pescoço de Raquel. – Estamos no escritório... – ela o adverte, mas ele continua-a beijá-la.

IVAN – Eu só vou parar quando me disser a palavra mágica... – ele diz em um tom ofegante, mas paquerador.

RAQUEL – Sexo às 22h00? – ela pergunta maliciosamente.

IVAN – Obvio que sim! – ele diz feliz e para de beijar seu pescoço. Raquel sorri para ele.

RAQUEL – Acho bom sair, porque já irei começar o programa: A Voz de uma Mulher. – ela diz enquanto levantava as duas sobrancelhas.

IVAN – Mas eu não vim aqui só para isso. – ela o olha confusa com uma sobrancelha levantada. Tem uma carta da rádio dos Romano que eles pediram para eu lhe entregar. – ele pega a sua bolsa e começa a procurar a carta dentro dela. Raquel observava Ivan enquanto ele tentava achar a carta, mas estava difícil.

RAQUEL – Já achou a carta? – ela pergunta preocupada.

IVAN – Sim, estava aqui nessa bolsa. – ele encontra a carta na bolsa e entrega-a Raquel. Raquel muda sua feição ao começar a ler a carta.

RAQUEL – Isso é um processo! O juiz aprovou? – ela diz indignada enquanto lia a carta

IVAN – Que? – ele pergunta desacreditando e pega a carta da mão de Raquel.

RAQUEL – Aqui diz que eu tenho que retirar o programa do ar. Estão me acusando de plágio, Ivan. – ela diz um pouco nervosa.

IVAN – Mas isso é um absurdo! – ele diz indignado enquanto lia a carta.

RAQUEL – Eu sei, mas eu acho que não tenha nada que eu possa fazer.

IVAN – Já pensou em ir na mansão Romano?

RAQUEL – NÃO! – ela grita rapidamente, negando a proposta. Ivan a encara com os olhos arregalados.

(CENA 4 – Tarde / Mansão Romano – Quarto de Oscar)

   Oscar estava deitado na sua cama com um tubo de oxigênio ao lado da cama, com um fio ligando até a máscara que estava no seu rosto. Cíntia estava sentada ao seu lado na cama.

OSCAR – Conseguiu enviar aquela carta para a Rádio da Mulher? – ele pergunta rouco e ofegante enquanto retirava a máscara do rosto.

CÍNTIA – Claro que sim. O processo já foi enviado para a gestora da rádio, mas continuamos sem saber quem ela é. – ela diz seriamente.

OSCAR – Ótimo, ela vai saber com quem está se metendo, mas venha aqui. – Cíntia se aproxima de Oscar. – Tenho uma ideia para nos livrarmos da rádio dos Montenegro, além do mais, me deve um favor depois da sua traição. A não ser, que queira perder a sua herança. – ele fala seriamente.

CÍNTIA – Você não seria... – ela diz nervosa.

OSCAR – Sim, eu seria capaz disso e muito mais. Por isso, para o seu bem, espero que coloque fogo na rádio dos Montenegro. – Cíntia arregala os olhos, chocada. – Diferente da Rádio da Mulher, eles não têm tantas câmeras para isso. – ele diz confiante. Cíntia se afasta de Oscar.

CÍNTIA – Você me promete que vai me dar a herança se eu fizer isso? – ela pergunta um pouco desconfiada, mas com vontade de realizar o pedido.

OSCAR – Claro que vou! – ele afirma. Cíntia fica pensativa e coloca a máscara de oxigênio em Oscar, lentamente.

(CENA 5 – Tarde / Fazenda Montenegro – Quarto de Ycaro)

    Ycaro estava deitado em sua cama, falando no celular com a sua namorada “Gabi”.

GABI – Seu pai vai fazer um jantar com os Symanski? – ela pergunta surpresa.

YCARO – Para a minha surpresa, sim. Logo hoje que zombei bastante do viadinho. – ele diz entediado.

GABI – Quem é o “viadinho”? – ela pergunta um pouco indignada.

YCARO – Ai Gabriela, sei que não goste que xingue as pessoas pelo seu gênero, mas é a verdade, não? – Gabriela olha para cima em sinal de frustação. – O “viadinho”, como eu chamo, é o Rodrigo. – Gabriela fica surpresa.

GABI – O Rodrigo? – ela pergunta chocada.

YCARO – Sim, o conhece? – ele estranha.

GABI – Claro, ele é o melhor amigo do Robert. Vocês não se conhecem desde a infância? a família dele é a melhor amiga da sua. – ela pergunta curiosa.

YCARO – Claro que fomos, mas desde que ele começou a ter esse “jeitinho” eu me afastei dele. Sabe lá Deus se ele se apaixona por mim. – ele diz um pouco assustado.

GABI – Não é difícil se apaixonar por ti. Como também não é difícil para você esquecer que não é por ele ser gay, que vai se apaixonar por você. Ele sabe que você é hétero, né? E tem uma namorada, eu no caso. Então por que não tenta ser amigo dele de novo? – ela diz com um simpático sorriso no rosto.

YCARO – Ele é chato Gabi, acredite. A voz fininha dele me irrita. – ele diz frustrado.

GABI – É só você parar de pensar que lhe irrita e começar a achar fofa. – ela diz simpaticamente.

YCARO – Podemos mudar de assunto? – ele pergunta claramente incomodado e com os olhos semicerrados.

GABI – Hmm... Não! Se você é realmente hétero, não devia se incomodar com essa conversa, ou agora vai me dizer que Ycaro Montenegro é “bi”? – ela zomba.

YCARO – An? Q-que? Ja-jamais! Eu não sou “bi”, ok? – ele gagueja nervoso.

GABI – Aham, ok. – ela diz desacreditando.

YCARO – É sério! – ele diz sorrindo um pouco de vergonha.

GABI – Eu sei, calma amor... – ela diz ainda um pouco cínica.

(CENA 6 – Noite / Fazenda Montenegro – Sala de jantar)

   A família Montenegro e Symanski estavam sentados na mesa de jantar e conversando sobre diversos temas, lá estavam presentes Rodrigo, Carlos e Laura Symanski; e Ycaro, Carla, Otávio e Liliana Montenegro.

CARLA – O jantar está pronto! – ela diz a todos enquanto levava uma bandeja com carne até a mesa. Ela coloca a bandeja suavemente no centro da mesa de vidro. Otávio inspira um pouco pelo nariz ao sentir o odor suave da carne.

OTÁVIO – Só pelo cheiro já está maravilhosa, amor. – todos ao redor da mesa emitem um barulho de “oooownt” em sinal de fofura enquanto Otávio beijava a mão de Carla. Ycaro evitava olhar para Rodrigo por incomodar-se com a sua presença. Carla se senta ao redor da mesa.

CARLOS – Meus parabéns para você, Otávio. Tem uma ótima cozinheira como esposa. – ele diz enquanto ria um pouco. Otávio ri junto a ele e Carla só os observa com um olhar frustrado.

RODRIGO – Pai! – ele diz baixinho enquanto dava uma pequena cotovelada no ombro do pai, repreendendo-o.

CARLOS – O que foi, filho? É só uma pequena piada. – ele diz sorrindo. Rodrigo, frustrado, pega um pedaço de carne com o garfo e coloca levemente na boca. Ycaro, por alguma razão desconhecida, o observou colocar a carne na boca atentamente. Rodrigo olha para Ycaro e fica um pouco confuso ao ver ele o encarando de uma maneira estranha.

RODRIGO – Tá com fome? – ele pergunta secamente a Ycaro.

YCARO – O-Oi? – ele pergunta gaguejando e um pouco nervoso.

RODRIGO – Perguntei se estava com fome. – ele fala com um tom mais alto pois todos da mesa estavam conversando entre si, então ninguém os escutava.

YCARO – Não! Por que estaria? – ele pergunta confuso e com um tom elevado na voz.

RODRIGO – Porque você ficou me encarando enquanto comia a carne. – ele diz enquanto tapava um lado do ouvido com a mão, para não escutar os outros conversando.

YCARO – Por isso? Ah, é que... e-eu... – ele diz nervoso e gaguejando mais uma vez. Rodrigo pega outro pedaço de carne com o garfo e coloca suavemente na boca enquanto encarava Ycaro maliciosamente. Ycaro se levanta rapidamente da cadeira. – Vou ao banheiro! – ele diz em um tom muito elevado e nervoso fazendo com que todos ouvissem e o encarassem com os olhos arregalados. Ele fica com as bochechas coradas e com vergonha, ele vai rapidamente em direção ao banheiro. Rodrigo fica rindo do que estava acontecendo com o Ycaro enquanto segura o garfo sobre a mesa, em seguida ele bebe um pouco da água que tinha dentro da taça de cristal que estava ao lado do prato de porcelana.

(CENA 7 – Noite / Rádio Guarani – Lado externo)

    Cíntia sai suavemente de dentro do carro, ela vai suavemente para detrás do carro e abre o porta-malas. Ela retira um galão de gasolina de dentro e em seguida fecha o porta-malas. Ela pega o galão novamente, porque tinha o deixado no chão, e vai em direção à entrada da rádio.

CÍNTIA – Perdão, Otávio. São ordens do patrão. – ela diz sorridente a si mesma enquanto ficava parada na frente da entrada e com um isqueiro na mão.

(Foca-se na face sorridente de Cíntia. A tela congela em um tom amarelado)

CONFIRA O NOVO ENCERRAMENTO COM CONGELAMENTO:

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