Débora
CAPÍTULO 05
uma novela de
FELIPE LIMA BORGES
escrita por
FELIPE LIMA BORGES
baseada nos capítulos 3 a 5 do livro
de Juízes
FADE
IN:
CENA 1: INT.
SAPATARIA – DIA
Atrás de um andaime de madeira na
rua em frente, Lapidote observa os homens na sapataria sem conseguir ouvi-los.
Lá dentro, surpreso e preocupado, Misael encara Elian.
MISAEL
Desculpe,
Elian, mas o que você está dizendo é um absurdo.
ELIAN
Não é
absurdo, é o certo. Débora é uma ótima filha, uma garota incrível; merece o
melhor. Estou apenas garantindo o bem-estar, o futuro de minha menina.
Eu sei que não é bom ouvir algo ruim dos filhos, mas Lapidote não é bom o
suficiente para ela.
MISAEL
Somente o
dinheiro é capaz de fazer alguém bom o suficiente para Débora?
ELIAN
Dinheiro
coloca pão e leite na mesa. Além de um mínimo de conforto.
MISAEL
Lapidote
terá plena capacidade de dar o mínimo de conforto à sua filha, Elian. Há anos
tenho uma reserva para ele, e além do mais, logo terá seu próprio trabalho!
ELIAN
Eu não
quero me alongar, sei que o tempo de nós dois é precioso. Amanhã os filisteus devem
vir cobrar os impostos, e você pode aproveitar a bagunça que aqueles malditos
causam e fugir com o seu filho. Débora e nem ninguém perceberá, estarão todos
“distraídos” com os soldados.
MISAEL
(revoltado) Eu não
posso fazer isso! Vim de longe, finalmente consegui me estabelecer em minha
cidade natal, Deus nos abençoou e Lapidote está com a vida se encaminhando!
ELIAN
Com a
quantidade que eu vou lhe dar, poderão recomeçar ainda mais fortes em outro
lugar.
Por alguns instantes Misael parece
pensar...
Mas, por fim, balança a cabeça que
não.
MISAEL
Não vou!
Isso é um completo absurdo!
ELIAN
Você tem
que ir, Misael! Aceite o dinheiro que vou dar e vá!
MISAEL
Se você quer
que nossos filhos terminem, eu conversarei com Lapidote e eles terminarão.
ELIAN
Isso não
existe! Os jovens sempre dão jeito de escaparem por entre os dedos e se
encontrarem às escondidas! Fazem de tudo para ir contra os pais!
MISAEL
Você acha
que Débora faria isso?
Elian parece perder as palavras.
MISAEL
Pois estou
achando que conheço a sua filha melhor do que você mesmo.
ELIAN
Chega!
Chega!!!
Ele se aproxima de Misael.
ELIAN
Se você não
for embora amanhã, eu darei um jeito de atrair confusão com os filisteus até
essa sua sapataria aqui.
Misael, arrasado, o encara.
ELIAN
Passarei
mais tarde para deixar o dinheiro.
Elian então dá meia volta e sai. Lá
fora, Lapidote se esconde por um instante. Constatado que o sogro já foi, ele
volta para a sapataria e encontra seu pai ainda abalado.
LAPIDOTE
Pai!...
Pai, o que aconteceu? Vi o senhor Elian e o senhor conversando, mas não
consegui ouvir nada... O que houve?!
Misael
está atordoado...
CENA 2:
INT. CASA DE TAMAR – COZINHA – DIA
Enquanto Tamar cozinha, Débora
varre o chão, mas seus pensamentos parecem distantes dali.
DÉBORA
(NAR.)
O namoro
com Lapidote me fez desgrudar da infância de uma forma que, provavelmente, já
havia acontecido com todas as meninas da minha idade. E agora eu pensava como
nunca no meu futuro.
Débora continua a varrer, mas olha
para Tamar.
DÉBORA
Mãe... Como
é o início do casamento? Logo que casa.
Tamar sorri.
TAMAR
Como você
imagina que seja?
DÉBORA
Bom, eu
nunca pensei muito nisso... Mas ultimamente imagino que Lapidote seria um
excelente marido. Trabalhador, ajudador, carinhoso...
TAMAR
Geralmente
as moças imaginam alto como deve ser, e depois acabam se decepcionando. Muitos
homens mudam depois que casam...
Débora parece um pouco preocupada.
DÉBORA
Será que
Lapidote pode mudar?
TAMAR
Filha, em
menor ou maior grau, tudo muda depois do casamento. Mas não se preocupe, pois
não são todos que mudam drasticamente. Pelo o que vejo em nossos amigos,
vizinhos, Lapidote parece ser genuinamente um bom rapaz.
Débora fica aliviada.
TAMAR
O namoro é
a fase de se conhecerem, e vocês terão bastante tempo para isso.
DÉBORA
Se depender
do meu pai, muito tempo.
TAMAR
Débora...
Não se preocupe com o seu pai, está bem?
Débora
levanta uma sobrancelha e continua seu serviço.
CENA 3:
INT. SAPATARIA – DIA
Lapidote aguarda Misael lhe
explicar o que aconteceu.
LAPIDOTE
(preocupado) E então,
meu pai?...
MISAEL
Lapidote,
arrume e guarde tudo.
LAPIDOTE
Oi?...
Quê?! Arrumar o quê?!
MISAEL
Tudo,
Lapidote, tudo! Arrume tudo e guarde!
Lapidote fica sem reação. Observa o
pai se sentar.
LAPIDOTE
(se
aproximando) Pai!... O que foi que aconteceu?! Por que não me
conta?!
Misael começa a chorar.
MISAEL
Me
desculpe, meu filho... Me perdoe... mas não posso contar o motivo...
LAPIDOTE
O motivo de
quê?
MISAEL
De irmos
embora...
LAPIDOTE
Irmos
embora? Para onde, por quê?!
MISAEL
Já disse
que não posso contar...
LAPIDOTE
Foi Elian,
não foi? É claro que foi.
Misael olha levemente surpreso para
o filho.
LAPIDOTE
Já disse, eu
não fui fazer a entrega, fiquei ali fora observando-os, mas não pude ouvir
nada. O que foi que ele disse, pai?
Misael continua a derramar
lágrimas, e Lapidote entende.
LAPIDOTE
Claro, o
meu namoro com a Débora... E por isso quer que a gente vá embora.
Misael não confirma e nem nega.
LAPIDOTE
Esse homem
não teve coragem e dignidade de vir falar comigo.
MISAEL
Pare,
Lapidote! Você só tem 14 anos!
LAPIDOTE
Mas mais
honra que ele!
Misael tenta se acalmar.
LAPIDOTE
Pai, não
fique assim... Vai doer muito, mas eu vou terminar com ela. Só que nós temos um
compromisso firmado, e ele permanecerá. Quando formos mais velhos e eu tiver
mais dinheiro e respeito, vou pedir a mão dela definitivamente. Por enquanto nós
vamos nos afastar, e o senhor e eu não precisaremos ir embora de Betel.
MISAEL
Lapidote,
você não entende! Elian vai me dar uma quantia em dinheiro para irmos embora!
Justamente para que não haja contato algum entre Débora e você!
LAPIDOTE
Não aceite
esse dinheiro, pai!
MISAEL
Se não
aceitarmos, se não fizermos assim, ele incitará os filisteus contra nós.
Lapidote então olha revoltado para
a rua.
LAPIDOTE
Maldito...
MISAEL
Precisamos
arrumar tudo e irmos.
LAPIDOTE
(levantando) Vou ver
Débora antes.
MISAEL
Não,
Lapidote! Não dá para fazer isso!
LAPIDOTE
Pai, eu
preciso ver minha amada antes de partir! Preciso falar com ela, não posso ir
dessa forma!
MISAEL
É melhor
não, Elian saiu furioso daqui. Amanhã você tenta se despedir, caso tenhamos
tempo e oportunidade. Agora me ajude a organizar tudo.
Com
raiva e um tanto desesperado, Lapidote começa a guardar as coisas com o seu
pai.
CENA 4:
INT. CASA DE TAMAR – QUARTO DE DÉBORA – NOITE
A noite cai.
Cansada, Débora vai até sua janela
e escora. Fica observando as ruas e casas sem realmente vê-las...
DÉBORA
Por que
você não veio me ver hoje?...
Então ela pega algo em um bolso do
vestido, é o cordão com a semente de tamareira. Aperta-a bem firme em sua mão.
DÉBORA
Só espero
que esteja tudo bem.
Ela
guarda a semente com o cordão, vai até o pé de sua cama, ajoelha e começa a
orar em silêncio.
CENA 5:
INT. CASA DE TAMAR – COZINHA – DIA
Na manhã seguinte, sentada à mesa
com os seus pais, Débora tenta finalizar sua comida bem rapidamente.
TAMAR
Mas o que é
isso, minha filha? Desse jeito vai ter uma indigestão...
DÉBORA
(quase que
de boca cheia) Preciso ver Lapidote, ele não veio ontem e nem
mandou recado!
ELIAN
Não se
preocupe, ele pode ter tido algum imprevisto.
Débora vira o último copo de suco e
se levanta.
DÉBORA
Já vou!
Shalom!
Quase tropeçando, Débora corre para
a porta e sai.
ELIAN
Rum...
Tamar olha para o marido.
TAMAR
Elian, você
tem alguma coisa a ver com o fato de o Lapidote não ter vindo ontem?
Cínico, ele olha para ela.
ELIAN
Eu? (ri)
E por que eu teria algo a ver com isso? Estava aqui, trabalhando... Não faz o
menor sentido. Claro que não tenho a ver.
Tamar
levanta uma sobrancelha e continua a comer.
CENA 6:
EXT. BETEL – RUA PRINCIPAL – DIA
Jaziel e Sangar estão conversando
tranquilamente quando alguém grita perto dali.
ALGUÉM
Filisteus!!!
Os filisteus estão vindo!!!
Gritos e correria tomam conta das
ruas.
SANGAR
Lá vem os
malditos...
JAZIEL
Você está
com o dinheiro do imposto pronto?
Sangar apenas o olha.
JAZIEL
Digo, não
quero que o amigo ganhe outra cicatriz...
SANGAR
(olhando a
correria do povo ao redor) Estou cansado disso. Até quando nos
submeteremos a essa humilhação? Ao julgo filisteu!
JAZIEL
Há tempos é
assim. O povo precisa orar mais, se voltar mais para Deus.
SANGAR
Concordo,
mas também precisamos fazer algo aqui, contra eles! Nos reunir, formar
um exército, treinar! E, com o tempo, teremos condições de fazer uma rebelião e
destruir os filisteus!
JAZIEL
(desanimado) Me
desculpe, Sangar, mas eu não acredito nessa possibilidade. Não são os homens de
outrora, os de Moisés e Josué. São apenas camponeses, pastores, comerciantes...
Mal sabem segurar uma espada. Nós precisamos é de um novo juiz, há tempos eu
venho dizendo isso. Desde que Eúde morreu foi só ladeira abaixo.
Então o som dos cavalos aumenta e
logo o Comandante filisteu e seus soldados chegam ali e impedem a movimentação
do povo. Ao ver Sangar, o Comandante sorri do alto de seu cavalo. Então desce
e, com outros dois soldados, se aproxima dele e de Jaziel.
COMANDANTE
Coloquem-nos
no meio.
Os homens agarram Jaziel e Sangar e
os leva para o meio da rua, no centro da roda formada pelo povo acuado.
Débora vem de outra rua. Ao ver
Jaziel e Sangar parados no meio da rua, se preocupa.
DÉBORA
Ah, não...
Então ela se abaixa e procura outra
pessoa.
DÉBORA
Lapidote,
Lapidote...
Olha em cada rosto, mas não encontra.
Então se levanta para procura-lo em outro lugar, mas um soldado filisteu a
flagra se afastando.
SOLDADO
Onde pensa
que vai?
Logo o filisteu a leva para junto do
povo acuado.
O Comandante circula Jaziel e
Sangar.
COMANDANTE
Povo de
Betel! É um prazer anunciar-lhes que se faltar uma mísera moeda na
contabilidade do imposto, esses dois animais vão perder a cabeça aqui mesmo!
Jaziel
engole em seco, e a revolta de Sangar só aumenta... O Comandante sorri com os
rostos preocupados dos hebreus.
CENA 7:
INT. SAPATARIA – DIA
Na sapataria já não há mais nada a
não ser uma carroça com as coisas e Lapidote e Misael prontos para partir.
Esse, com cautela, olha para as ruas além.
MISAEL
Há alguns
soldados passando, mas acho que dá para ir.
LAPIDOTE
(choroso) Isso não é
justo, meu pai! Eu nem pude vê-la! Como poderei partir sem me despedir?! O que
ela vai pensar?! O que vai ser?! Não é justo!
MISAEL
(gritando) VOCÊ
PRECISA--
Misael se interrompe e respira.
MISAEL
Você
precisa entender. Deus haverá de nos dar o melhor! Ore por Débora, um dia vocês
poderão se explicar!
LAPIDOTE
Quando?!
Misael não tem resposta.
MISAEL
Vamos.
Vamos, vamos indo!... Temos que aproveitar enquanto eles não chegam aqui.
Então
rapidamente eles montam na carroça e partem dali o mais rápido que conseguem.
CENA 8:
EXT. BETEL – RUAS – DIA
Os
soldados filisteus arrombam as portas, viram as barracas, agridem o povo, tudo
para arrancar à força as moedas dos impostos.
CENA 9:
EXT. BETEL – RUA PRINCIPAL – DIA
Acuado junto ao povo, Débora
aguarda aflita. De repente ela nota numa rua que passa por ali, mas lá na
frente, uma carroça e a clara silhueta de Lapidote. Cruzam aquela rua e somem.
Seus olhos arregalam e seus pensamentos vão a toda velocidade!
Ela então olha para o soldado que
está bem próximo. Como sair dali? Pensa, pensa, pensa...
Então ela nota um objeto metálico
que, na correria do povo, deve ter caído. Sem o soldado perceber ela estica o
braço e o pega.
DÉBORA
O que é
isso aqui?
O soldado olha para ela.
SOLDADO
Cale a
boca.
DÉBORA
(olhando
sua própria mão fechada) Mas há algo aqui...
O
soldado agarra o braço dela e abre sua mão: Débora então bate, com toda sua
força, o objeto no rosto do homem, que cai para trás, o nariz sangrando. Ela
aproveita para correr. Os outros soldados não a veem, e aquele ainda está
sangrando no chão.
CENA 10:
EXT. BETEL – RUAS – DIA
Débora corre o mais rápido que pode
pelas ruas vazias de Betel. A cada cruzamento tenta localizar a carroça de
Lapidote.
Quando finalmente a encontra, lá na
frente, ela dispara ainda mais rápido.
DÉBORA
Lapidote!
Lapidote!!!
Perto do portão da cidade, Lapidote
ouve e olha para trás.
LAPIDOTE
Débora?!
Débora! É a Débora, meu pai! Ela está vindo!
DÉBORA
Lapidote!!!
MISAEL
Se aquieta,
Lapidote! Precisamos nos distanciar da cidade!
Eles
então passam pelo portão e tomam o campo. Débora continua a correr.
CENA 11:
EXT. BETEL – RUA PRINCIPAL – DIA
Outro soldado finalmente nota
aquele soldado caído com as mãos tapando o nariz ensanguentado.
SOLDADO 2
Ei, o que é
isso?! O que aconteceu aqui?!
SOLDADO
Uma
garota... Estava aqui... A maldita me pregou uma armadilha!... E fugiu...
O soldado 2 faz que não.
SOLDADO 2
Se o
Comandante souber disso, você será humilhado e açoitado. (espiando o
Comandante) Vá atrás dessa garota, eu cubro para você.
O
soldado então se levanta e, com uma mão no nariz, corre pela rua por onde
Débora foi.
CENA 12:
EXT. BETEL – ARREDORES – DIA
Ali no espaço mais aberto, Débora
já está quase alcançando a carroça de Lapidote e Misael.
DÉBORA
Esperem!!!
Por favor!... Para onde estão indo?! O que aconteceu?!
MISAEL
Não conte
nada, Lapidote! Se a ama, fique quieto!
Lapidote olha aflito para ela, que
se esforça mais e os alcança de vez. Apesar do movimento, os dois estendem suas
mãos um para o outro e se seguram. As lágrimas caem dos olhos de Lapidote, e
Débora, correndo, está confusa e desesperada.
Então ele nota o soldado filisteu
saindo da cidade e vindo naquela direção.
LAPIDOTE
Oh, não...
Misael olha para trás e vê o homem.
MISAEL
Eles nos
descobriram, temos que sumir!
LAPIDOTE
(segurando
a mão dela) Débora, eu vou voltar! Eu prometo que eu voltarei!
Me perdoe! Por favor, me perdoe! E espere por mim! Eu vou voltar, Débora!
Débora, correndo e segurando firme
a mão dele, começa a chorar.
LAPIDOTE
Eu te amo!
Eu te amo muito, Débora!
Ela está transtornada.
LAPIDOTE
Diga! Diga
o mesmo para mim, por favor! Diga que me ama, Débora!
Mas ela não diz, só chora.
LAPIDOTE
Eu voltarei
para você! Me espere!
Ambos choram quando a velocidade da
carroça aumenta e suas mãos são separadas. Cansada, Débora para de correr e
observa a carroça se distanciando cada vez mais, com Lapidote olhando para ela.
Lágrimas, cansaço...
O
soldado filisteu finalmente chega ali e agarra a garota. Vira-a para ele e
mete-lhe uma bofetada no rosto. Débora mal parece sentir, seus olhos logo viram
para a carroça. O filisteu também olha para os dois se distanciando, mas não
pode alcança-los. Então volta puxando Débora.
CENA 13:
EXT. BETEL – RUA PRINCIPAL – DIA
O Comandante nota o soldado
chegando ali puxando Débora pelo braço e se aproxima.
COMANDANTE
Quem é
essa?
O soldado fica levemente apreensivo
e passa rapidamente a mão no nariz.
SOLDADO
Uma
atrevida. Fala demais!
COMANDANTE
Estou
precisando de hebreus assim para minha diversão. Me dê ela aqui.
O Comandante pega Débora pelo braço
e a leva para junto de Jaziel e Sangar.
COMANDANTE
Se faltar uma
moeda dos impostos, vocês terão suas cabeças decepadas.
Débora, atordoada, olha para Jaziel
e Sangar.
Logo todos os soldados voltam para
ali com os sacos de moedas. Espalham tudo sobre o chão e contam. Por fim, um
deles se levanta para anunciar. O povo espera apreensivo.
SOLDADO 3
Não falta
nada. Está tudo certo.
O Comandante visivelmente não gosta
de ouvir isso.
COMANDANTE
Contem de
novo!
SOLDADO 3
Tudo?
COMANDANTE
Obviamente!
Mais alguns minutos se passam, e o
mesmo soldado anuncia novamente.
SOLDADO 3
Como
anteriormente, senhor. Os valores estão corretos.
O Comandante fica raivoso.
COMANDANTE
Mas
apanharão!
SANGAR
Por quê?! O
que fizemos?!
COMANDANTE
Porque eu
quero, pedaço de estrume! Chicote!
Logo um soldado se aproxima com um
chicote e o entrega ao Comandante.
COMANDANTE
Malditos!
Ele começa a chicotear as costas de
Sangar, Jaziel e também de Débora. O povo grita apavorado, e os soldados os
ameaçam com as espadas. Caída, Débora não tem o que fazer a não ser o semblante
de dor a cada chicotada desferida em seu corpo.
Logo Elian e Tamar chegam ali. Ao
ver a filha caída e sendo açoitada com os dois, ela corre gritando, mas
soldados a impedem de avançar.
TAMAR
Débora!!!
Caída, Débora percebe a mãe e o pai
assustados em meio ao povo.
Cansado, o Comandante para, olha
para eles aos seus pés e se aproxima de Sangar que, com dificuldade, levanta o
olhar para o homem.
COMANDANTE
(olho no
olho) Você quer dizer algo?
SANGAR
Sim... A
sua hora... vai chegar...
O Comandante cospe no rosto de
Sangar e se afasta.
COMANDANTE
Até breve. (para
os soldados) Vamos!
Então todos eles sobem em seus
cavalos e partem dali. Tamar e Elian correm até Débora.
TAMAR
Filha,
minha filha! Débora! Você está bem, Débora?! Está machucada?!
DÉBORA
(com dor) Sim,
sim... Estou bem...
Eles a ajudam a se levantar.
TAMAR
Meu Deus do
céu!...
DÉBORA
Não se
preocupem comigo... Há algo maior para se preocupar...
ELIAN
Do que está
falando?!
DÉBORA
Lapidote...
e Misael... foram embora...
TAMAR
O quê?!
DÉBORA
Aqui...
Débora sai correndo.
TAMAR
Espere...
CENA 14:
EXT. BETEL – ENTRADA – DIA
Débora chega no portão da cidade.
Para um lado se afastam os filisteus em seus cavalos. Ela olha para outro lado,
por onde a carroça de Lapidote e Misael partiu. Volta a chorar... Tamar e Elian
a alcançam.
TAMAR
Oh, minha
filha...
Tamar então abraça Débora, que
chora compulsivamente no ombro da mãe. Elian afaga o cabelo da garota.
ELIAN
(olhando
para o horizonte) Está tudo bem... Vai ficar tudo bem...
Em Tamar com Débora e Elian ao lado,
parados na entrada e de costas para a cidade, IMAGEM CONGELA
CONTINUA...
FADE OUT:
No próximo capítulo: Ao
partirem em busca de pistas de Lapidote e Misael, Débora e Jaziel fazem uma
grande descoberta no deserto.
Obrigado pelo seu comentário!